Constantemente nos deparamos com profissionais da área de People Analytics buscando referências e fazendo benchmark para entender sobre quais indicadores devem desenvolver dentro da área de recursos humanos.
E um ponto que sempre chama atenção é como muitas vezes, esses indicadores por mais eficazes que tenham sido em algumas empresas, acabam não fazendo sentido para o negócio e não sendo utilizados. Com isso, vem um sentimento de frustração e de muito trabalho para pouco resultado.
Isso é bem comum principalmente porque deixamos de lado uma premissa muito importante:
”Nem todo indicador ou iniciativa que funcionou em uma empresa, vai ter o mesmo resultado na nossa. Isso porque estamos tratando de cenários e objetivos completamente diferentes.”
Como alternativa para isso, resolvi compartilhar aqui 4 aprendizados fundamentais que aprendi ao longo dos últimos anos para quem precisa desenvolver indicadores em People Analytics :
- ESTUDE O PROCESSO
Normalmente no início de um projeto de construção de Dashboards temos a ansiedade de nos debruçar nas bases e sair criando métricas e indicadores que as vezes só enfeitam a visualização.
Antes disso, é primordial buscar entender como aquele processo funciona, e o que isso quer dizer?
Busque compreender bem quais são os pontos macro que devem ser mensurados para garantir que aquele processo está funcionando e principalmente, quais são os objetivos daquela área. É por aí que conseguimos identificar o que de fato será relevante para a tomada de decisão.
Se estamos falando de uma área de Recursos Humanos, estamos falando aqui de estudar toda a jornada do colaborador, ou Employee Experience, assim você terá conhecimento desde como ele chegou na empresa até o momento em que ele encerra o seu ciclo, e quais são os processos envolvidos nessas etapas.
2. CONSTRUA EM CONJUNTO
O segundo passo refere-se à construção do projeto e como é importante que os requisitos sejam definidos junto com a área de negócio.
Existem diversos benefícios aqui, mas o principal deles é promover o alinhamento das expectativas e trazer clareza sobre o que será ou não possível realizar com os dados e ferramentas disponíveis.
Também gosto de usar esse momento para fazer questionamentos ao time, como por exemplo:
– “como esse indicador ajuda você a tomar decisão?”
– “o que é imprescindível na construção dessa visualização?”
– “como você vai usar ela no dia a dia?”
Por mais simples que pareçam, essas perguntas promovem discussões extremamente ricas e nos ajudam a eliminar aquilo que não é essencial.
Dica: Utilize um formulário com perguntas preparadas para guiar essa conversa e que você possa consultar no momento da construção do seu protótipo.
3. EXERCITE O PENSAMENTO CRÍTICO
Aqui é mais importante do que nunca, que exerçamos nosso papel como um analista e deixemos de lado todos os nossos vieses, ou até mesmo aqueles que são trazidos pelo negócio e focarmos em sermos críticos o bastante para identificar quais informações são de fato relevantes para serem trabalhadas e quais apenas geram ruído no momento em que são disponibilizadas para o usuário.
Existe uma maneira bem prática de exercitar isso que é pensando em como aquela informação que você pretende disponibilizar está conectada com os principais objetivos do time de recursos humanos e como ela vai ajuda-los a tomarem decisões quando as coisas não estiverem indo no caminho desejado.
Assim, atingimos um dos principais objetivos da cultura data-driven: A área de negócio baseia-se em dados e fatos concretos para tomada de decisão.
4. SAIBA COMUNICAR
O último, porém, não menos importante dos aprendizados que adquiri é saber como comunicar essas informações novas.
Normalmente o público que vai consumir nossas informações não tem muito contato com o universo de dados e o que pode parecer muito simples para nós, pode ser complexo para os usuários finais.
Uma dica aqui é novamente envolver o time que construiu inicialmente a ideia apresentar o resultado final, deixando claro cada métrica e resultado exibido ali. Mas além disso, busque questionar se fez sentido para eles e se conseguem visualizar situações no dia a dia onde essas informações serão utilizadas, esse é o melhor termômetro para saber se sua entrega foi eficaz.
Criar uma cultura data-driven que ajude o time de Recursos Humanos a se tornar mais estratégico e proporcione resultados efetivos tem muito mais a ver com a sua capacidade de percepção da necessidade do negócio e facilitação da tomada de decisão através da organização das informações do que com ferramentas e modelos pré-definidos pelo mercado.
Elaine Silva
Graduada em Engenharia de Produção pela Unisa, com sólida experiência em melhoria de processos e análise de dados. Atua como People Analytics na Contabilizei